O serviço itinerante Odontomóvel atendeu até o momento 190 mil estudantes de 532 escolas em 169 municípios baianos. Nesta semana, o serviço passa por Apuarema nesta quarta-feira (22) e chega em Igrapiúna na sexta-feira (24).
O programa oferece tratamentos dentários gratuitos, incluindo avaliação, limpeza, restauração,cirurgias e expande sua atuação na Bahia. Os atendimentos são feitos em carretas adaptadas como consultórios odontológicos.
Rebecca Paranaguá — advogada especialista em Direito da Saúde, sócia do escritório Bento Muniz Advocacia — comenta que o acesso facilitado desses estudantes, eliminando barreiras geográficas e financeiras, especialmente daqueles que não têm condições de pagarem uma consulta odontológica, é um dos grandes benefícios do programa.
“Podemos falar também na detecção precoce de problemas dentários, porque durante esse programa ao se ter cuidados básicos por parte dos profissionais de saúde, consequentemente impede que surjam problemas maiores lá na frente, então esse programa acaba ajudando a diminuir problemas mais sérios que podem ocorrer futuramente”, explica.
Os interessados devem apresentar uma carteira do SUS atualizada, documentos de identificação — e menores de idade, um termo de autorização assinado pelos pais ou responsáveis. O atendimento é realizado das 8h às 17h, incluindo atividades educativas e orientações sobre cuidados com a saúde bucal.
A advogada aponta que, “entre os benefícios do programa, está o impacto positivo na qualidade de vida dos pacientes atendidos, pois a saúde bucal acaba gerando bem-estar e aumento na autoestima dos estudantes”.
Veja Mais:
Covid-19: mais de 518 milhões de doses da vacina monovalente foram aplicadas no Brasil
Novembro Azul: alteração na urina pode ser um fator de alerta para os homens
Até o dia 10 de novembro, prefeitos e secretarias de saúde municipais e do Distrito Federal podem solicitar Unidades Odontológicas Móveis (UOM) pelo novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC Saúde). As unidades têm como objetivo reduzir as desigualdades na obtenção de tratamentos odontológicos e terão geradores de energia acoplados para poderem alcançar locais sem energia elétrica.
A cirurgiã-dentista Mariana Oliveira avalia que esse suporte trará melhor qualidade na saúde bucal, pois irá diminuir a desigualdade na obtenção desses serviços. Mariana explica que as unidades móveis serão equipadas com utensílios necessários para diversos tipos de tratamentos, como restaurações de cáries e extrações de sisos.
“A saúde inicia pela boca e a consciência e a informação sobre saúde bucal para a população é muito importante e vai tornar mais acessível essas informações, esses serviços de prevenção, serviços de tratamentos de cárie, tratamentos odontológicos mais completos”, expõe.
Para solicitar o UOM, basta acessar o site transferegov.com.br e preencher o que se pede.
De acordo com o Ministério da Saúde, 202 municípios serão selecionados nesta fase, com um investimento de R$ 103,8 milhões. A Pasta fará a compra centralizada das UOMs e, em seguida, as doará. A escolha dos municípios levará em consideração critérios como densidade demográfica, extensão territorial e vulnerabilidade socioeconômica.
Os problemas bucais podem ter impacto na saúde de maneira geral. No Brasil, a cárie está entre as doenças bucais mais comuns, segundo dados preliminares da última edição do SB Brasil – Pesquisa Nacional de Saúde Bucal. Segundo o relatório, crianças com 5 anos de idade apresentam o maior número de casos.
De acordo com o estudo, a necessidade de tratamento eletivo é a mais frequente para todos os grupos etários: 5 anos (29,8%), 12 anos (35,3%), 15-19 anos (35,0), 35-44 anos (48,4%) e 65 a 74 anos (44,9%). Os idosos foram os que apresentaram maior percentual de necessidade de encaminhamento para avaliação abrangente ou tratamento médico/odontológico (condição sistêmica). Os números ainda podem sofrer alterações ao final do levantamento.
Veja Mais:
Desde antes da aprovação da Lei 14.648/23 nesta segunda-feira (7), a ozonioterapia já era discutida e desaconselhada pelo Conselho Federal de Medicina. Tanto que em 2018, o CFM publicou a Resolução CFM nº 2.181/2018, definindo a terapia como um procedimento que pode ser realizado apenas em caráter experimental.
O infectologista e conselheiro da Sociedade Brasileira de Infectologia, Marcelo Daher, está entre os médicos que reforçam os riscos que a aprovação da lei podem trazer para a saúde dos pacientes.
“Com tantas deficiências que nós temos no sistema único de saúde e a gente agora, aprovar uma legislação que aprova um procedimento não-validado, sem comprovação científica alguma, é a mesma coisa que nós estamos entrando na questão de duvidar de vacina. A mesma ciência que mostrou que vacina funciona mostra que ozonioterapia não funciona.”
Assim como o CRM, a Associação Médica Brasileira (AMB) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) também têm ressalvas quanto à aprovação da lei. Em nota a Anvisa destaca:
“Apesar de não haver equipamentos de produção de ozônio aprovados pela Anvisa para uso em indicações médicas no Brasil, visto que ainda não foram apresentadas evidências científicas que comprovem sua eficácia e segurança, novas indicações de uso da ozonioterapia poderão ser aprovadas pela Agência, no caso de novas submissões de pedidos de regularização de equipamentos emissores de ozônio, desde que as empresas responsáveis apresentem os estudos necessários à comprovação de sua eficácia e segurança, conforme disposto na Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 546/2021 e na RDC 548/2021.”
O diretor científico da Associação Médica Brasileira, José Eduardo Lutaif Dolci, esclarece a posição da AMB.
“Não somos contrários ao uso complementar para algumas situações específicas. O que somos contrários é contra o uso indiscriminado e sem comprovação científica da ozonioterapia para algumas doenças. Que é isso que, eventualmente, pode se querer propagar mediante a aprovação desta lei.”
Há 28 anos na profissão, o médico Marcelo Daher conta que já viu casos de problemas de saúde que foram agravados pelo uso incorreto do gás ozônio. O último deles, conta o médico, uma paciente que fez uma “mini lipo de papada” com um profissional não-médico. O procedimento acabou infeccionando e o profissional usou a ozonioterapia para tentar melhorar o quadro. “Não melhorou, piorou. Retardou o tratamento medicamentoso com antibióticos. Com isso a paciente piorou clinicamente e aí o tratamento foi mais demorado e pior”, criticou. O infectologista cita que este é — apenas um dos casos — em que “tentar usar a ozonioterapia como um tratamento pode retardar o tratamento da doença principal, e com isso, levar a complicações.”
Para a advogada especializada em direito da saúde e especialista em Ética e Compliance na Saúde, Nycolle Soares, a polêmica gerada em torno do assunto acontece porque a previsão de uso da ozonioterapia tem eficácia comprovada apenas para fins estéticos e odontológicos. Já a ampliação da utilização, conforme prevê a lei, acaba não sendo bem vista por instituições médicas, por falta de estudos científicos com relação à segurança dos procedimentos.
“Ainda que isso tenha sido trazido para uma discussão com relação à própria aprovação do uso, o que deveria preceder essa discussão é a existência de estudos que comprovem a eficácia e a segurança.”
A nova lei prevê que a técnica só poderá ser usada como procedimento complementar e a aplicação deverá ser realizada por profissional de saúde com formação superior e inscrito no conselho de fiscalização profissional. O paciente precisa ser informado do caráter complementar do tratamento.
Conforme a nova legislação, a ozonioterapia também deverá ser aplicada por meio de equipamento de produção de ozônio medicinal regularizado pela Anvisa. Apesar disso, a agência indica a terapia apenas para tratamentos odontológicos, com ação antimicrobiana, quadros de inflamação, cáries, além de tratamentos de canal e ajuda no processo de reparação tecidual em caso de cirurgias. Na estética, a Anvisa autoriza o uso como auxílio à limpeza e assepsia de pele.
Os problemas bucais podem ter impacto na saúde de maneira geral. No Brasil, a cárie está entre as doenças bucais mais comuns, segundo dados preliminares da última edição do SB Brasil – Pesquisa Nacional de Saúde Bucal. Segundo o relatório, crianças com 5 anos de idade apresentam o maior número de casos. De acordo com o estudo, a necessidade de tratamento eletivo é a mais frequente para todos os grupos etários: 5 anos (29,8%), 12 anos (35,3%), 15-19 anos (35,0), 35-44 anos (48,4%) e 65 a 74 anos (44,9%). Os idosos foram os que apresentaram maior percentual de necessidade de encaminhamento para avaliação abrangente ou tratamento médico/odontológico (condição sistêmica). Os números ainda podem sofrer alterações ao final do levantamento.
A dentista Carolina Alexandre, da IGM Odontopediatria, explica que a saúde bucal está diretamente relacionada à qualidade de vida, bem-estar e a saúde geral do indivíduo. “Através de exames odontológicos regulares é possível identificar indícios de doenças como diabetes, doenças cardiovasculares e até mesmo câncer bucal, permitindo encaminhamento e tratamento precoce. Ao promover a saúde bucal e prevenir doenças os profissionais dessa área contribuem para a melhora da qualidade de vida e bem-estar da população como um todo”, avalia.
A especialista diz que, quando não cuidamos da boca, estamos expostos a diversos problemas que podem se agravar ao longo do tempo e um dos principais riscos da falta desse atendimento é o desenvolvimento da cárie.
“A cárie dentária é uma doença que causa destruição do esmalte dentário podendo atingir a polpa do dente e causar dores intensas. Além disso, a falta de tratamento pode levar à perda do dente afetado”, revela.
Uma portaria do Ministério da Saúde foi publicada para instituir o Serviço de Especialidades em Saúde Bucal, que amplia o Brasil Sorridente, para expandir o atendimento odontológico para a população de municípios de até 20 mil habitantes em todo Brasil. Localidades como Cerejeiras, em Rondônia, Capixaba, no Acre, Tapuá, no Amazonas, Santa Cruz do Arari, no Pará, Miranorte, no Tocantins, Amarante, no Piauí e Poço Branco, no Rio Grande do Norte, poderão receber atendimento.
O serviço deve alcançar mais de 15 milhões de pessoas em aproximadamente 2.600 cidades com atendimento de até três especialidades. O coordenador da comissão de políticas públicas do Conselho Federal de Odontologia, Guilherme Graziani, observa que muitas dessas regiões precisam de cuidados básicos. Ele ressalta que algumas não conseguiam ter atendimento de forma centralizada. "A odontologia funcionava de modo descentralizado. Havia alguns municípios de referência com cirurgião-dentista na atenção básica, em algumas localidades o município tinha que arcar 100% com o custeio da odontologia, não tinha o aporte financeiro do Ministério da Saúde”
Graziani acrescenta: que, ao longo do tempo, "após a consolidação da Constituição e, na sequência a implantação do SUS, veio criar a estratégia da saúde da família que, no seu primeiro momento, também não incluía a saúde bucal. Só depois foram implantadas as equipes e, na sequência, o Brasil Sorridente — em 2004”.
O Ministério da Saúde pretende investir aproximadamente R$ 122 milhões no programa, em 2023. Os municípios que quiserem solicitar o serviço precisam oferecer atendimentos odontológicos e ter, no mínimo, 75% de cobertura de saúde bucal na Atenção Primária à Saúde. Outra condição é não ter um Centro de Especialidade Odontológica (CEO). O credenciamento pode ser feito pelos próprios gestores locais, segundo o Ministério da Saúde. A estimativa do MS é que mais de 2,6 mil municípios implantem o serviço.
O programa Saúde Mais Perto nas Escolas, também conhecido por Odontomóvel por ser realizado em carretas equipadas com consultórios de atendimento, é uma ação do governo do estado da Bahia e tem como objetivo disseminar práticas de higiene e promover o acompanhamento especializado na promoção e proteção da saúde bucal de estudantes e educadores.
Rebecca Paranaguá, advogada especialista em Direito da Saúde, sócia do escritório Bento Muniz Advocacia, comenta que o acesso facilitado desses estudantes, eliminando barreiras geográficas e financeiras, especialmente daqueles que não têm condições de pagarem uma consulta odontológica, é um dos grandes benefícios do programa.
“Podemos falar também na detecção precoce de problemas dentários, porque durante esse programa ao se ter cuidados básicos por parte dos profissionais de saúde, consequentemente impede que surjam problemas maiores lá na frente, então esse programa acaba ajudando a diminuir problemas mais sérios que podem ocorrer futuramente”, completa.
De acordo com o governo do estado da Bahia, a previsão é que o programa alcance cerca de 65 mil estudantes. Os atendimentos acontecem das 8h às 17h e contam com atividades educativas e orientações sobre os cuidados com a saúde bucal.
A advogada aponta que, “entre os benefícios do programa, está o impacto positivo na qualidade de vida dos pacientes atendidos, pois a saúde bucal acaba gerando bem-estar e aumento na autoestima dos estudantes”.
Veja Mais:
"Maio Amarelo", em São Paulo, alerta para os riscos de acidentes no trânsito
Apenas 15% dos brasileiros com mais de 16 anos estudam atualmente, aponta pesquisa
Açúcar é o principal agente da infecção dentária
A ingestão de carboidratos fermentáveis, como o açúcar, e a má higiene bucal podem desencadear a produção de ácidos por bactérias da boca e provocar cáries. Doenças como diabetes e hipertensão, por exemplo, também podem diminuir a quantidade de saliva e aumentar o risco de infecção nos dentes.
“A cárie é uma doença infecciosa. Na ausência de tratamento, pode progredir até destruir totalmente a estrutura dentária por meio do ataque de ácidos. É uma doença multifatorial, na qual várias características genéticas, ambientais e comportamentais interagem”, explica a odontologista Mara Cristina Mourão Marques.
A higiene bucal correta, de três a quatro vezes por dia, a redução do consumo de açúcar e o uso de flúor, que pode estar presente na água e no creme dental, previnem contra a cárie. Fazer boa hidratação também é uma medida preventiva, segundo a dentista Mara Cristina. “O consumo frequente de água é muito importante para a produção de saliva, que serve como neutralizante daqueles ácidos produzidos pelas bactérias da boca”, conclui.
A advogada Camila França, de 33 anos, sempre sofreu com cárie. Ela consumiu muitos produtos com açúcar ao longo da vida, mas mudou os hábitos com o passar dos anos. “Sempre comi muito doce, bala. Quando comecei a ficar mais velha, comecei a me conscientizar da importância e passei a cuidar mais. Usei mais fio dental, dei mais importância para a escovação”, conta.
Tratamento
Há vários tipos de tratamento das lesões de cárie, a depender do estágio da infecção. Nas formas iniciais, o uso do flúor é eficaz. Existe ainda o tratamento restaurador atraumático, abordagem minimamente invasiva com instrumentos de escavação manual.
“Quando a cárie está em estágio mais avançado e já houve cavitação, no esmalte ou na dentina, será necessário realizar remoção da parte infectada, com caneta de alta rotação, micromotor e brocas, os famosos motorzinhos, e posterior restauração do dente com resina composta. Quando estiver muito profunda, será necessário tratamento de canal”, diz Mara Cristina.